Museu de
Tecnologia da Educação
O Museu de Tecnologia da Educação foi concebido para servir
como de base à reflexão sobre os avanços e retrocessos que
aconteceram na educação brasileira.
Sua criação ocorreu no contexto do projeto “A Educação nos
500 anos do Brasil” foi foi realizado pelo Instituto de
Pesquisas e Administração da Educação — organização social
que há 48 anos dedica-se ao desenvolvimento qualitativo na
educação.
O Museu, inicialmente organizado de forma física, evoluiu
para o sistema virtual para atender ao acervo que irá sendo
incorporado ao longo do tempo.
O Instituto julgou importante manter o Museu como uma
integração aos demais projetos que são realizados pela
entidade.
Desde a fundação do primeiro estabelecimento de ensino — o
Colégio da Bahia — em Salvador, logo após a chegada dos
Jesuítas, em 1549, até a primeira reforma do ensino aplicada
no Brasil em 1579, a transmissão de conhecimentos foi
concretizada sem estruturas físicas específicas, eis que as
escolas funcionavam ao redor dos mosteiros ou através das
missões que catequizavam sistematicamente o povo em fase de
formação.
Nesses 210 anos o ensino era gratuito e ministrado pelos
religiosos. O método baseava-se no “Ratio Studiorum” e os
ensinamentos eram transmitidos durante 10 horas por dia e o
currículo estava dividido em duas sessões distintas,
chamadas “classes”. Aos sábados existiam disputas para
avaliar e estimular o conhecimento e daí surgiu o conceito
das “sabatinas”, como sinônimo de aferição do aprendizado.
Eram ranchos de taipa, nas quais os padres ensinavam
gramática, ciências humanas, retórica, poesia e história aos
filhos dos colonos e aos índios.
Os primeiros colégios foram o da Bahia, fundado pelo Padre
Manoel da Nóbrega e o Colégio de São Vicente, fundado por
Leonardo Nunes. Mais tarde vieram os de São Paulo (1554) —
gravura também exposta no Museu — Rio de Janeiro (1568),
Olinda (1576), Ilhéus (1604). Recife (1655), São Luiz,
Paraíba, Santos, Belém e Alcântara (1716), Vigia (1731),
Paranaguá (1738) e Desterro (1750).
A tecnologia aplicada à educação consistia na leitura dos
livros impressos na Europa e na escrita, com o apoio de
cânticos, festas e outros detalhes da liturgia católica.
Coube ao Padre José de Anchieta a introdução do teatro no
Brasil, que serviu também de meio para a educação e outras
manifestações artísticas.
As tipografias eram totalmente proibidas no Brasil e
conseqüentemente os livros circulavam em pequenas
quantidades.
São pouco disponíveis utensílios usados como meio de
tecnologia da educação nessa primeira fase da educação em
nosso país.
Iniciaram-se os primeiros atos legais emanados pela Coroa
Portuguesa com aplicação no Brasil na primeira metade do
século XVIII e praticamente todos estão catalogados pelo
Instituto num grande acervo da Legislação Educacional.
Analisando-se os documentos oficiais vê-se que nenhum
incentivo foi dado à implantação de tecnologias aplicáveis à
educação e esse quadro permaneceu durante toda a fase do
Brasil Colônia.
A reforma do ensino de 1759 marcou a eliminação de livros e
métodos usados pelos jesuítas - eis que entendidos como
contrários ao interesse do governo bem como o confisco dos
bens da Companhia de Jesus, proprietária dos colégios.
Aumentou sensivelmente a intervenção do poder público na
educação e criou-se imposto para financiar a educação e
funcionar escolas. Inexistiram avanços na tecnologia da
educação.
Com a vinda da Família Real, em 1808, foram autorizadas as
tipografias e foi lançado o primeiro jornal brasileiro, a
“Gazeta do Rio de Janeiro”, servindo como um meio de
tecnologia aplicada à educação. À época, como existia um
grande interesse pelas novidades literárias, havia um
intenso contrabando de livros que abastecia a elite
brasileira.
A comunicação oral oficial — antes lida em praças públicas
ao rufar dos tambores para que as pessoas dela tivessem
conhecimento — ia sendo gradualmente substituída pelos
editos da Imprensa Régia, editora da Corte. A maioria
esmagadora da população era analfabeta e ficava sabendo do
que acontecia por “ouvir dizer”.
Antes, contudo, um instrumento de tecnologia aplicada à
educação, já estava em voga. Desde a reforma do ensino
decorrente da expulsão dos jesuítas, inspiradas por 'Marquês
de Pombal, foi introduzida a “palmatória” — peça de madeira,
com orifícios dispostos em cruz, a qual servia nas escolas
para castigar as crianças, batendo-lhes com ela palma da
mão. Normalmente eram aplicadas duas “palmatoadas” (pancada
de palmatória) por erros cometidos. A palmatória de origem
portuguesa consistia em uma única peça com cinco orifícios,
tendo uma parte redonda (na forma de mão) e um cabo feito em
madeira.
Como forma de castigo era usado também o “milho” — onde as
crianças eram obrigadas a ficar por longo tempo a joelhadas
— e a “cabeça de burro”.
A violência nas escolas era grande, o que afugentava muitas
crianças, o que forçou a edição de um decreto — em 1879 —
tomando obrigatório o ensino primários para menores entre 7
e 14 anos.
Na realidade o instrumento de ensino era o material escrito
e desta forma, até o início do século XX, o grande veiculo
de transmissão do conhecimento foi o livro.
Iniciou-se o uso da máquina de escrever e do mimeógrafo,
como instrumentos de preparação de textos e reprodução nas
próprias escolas, isto já no início dos anos de 1900.
O advento do rádio auxiliou fortemente a educação e a
criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923 serviu
de base para novas tecnologias educacionais.
Os avanços da energia elétrica exigiram que as escolas
criassem laboratórios e equipamentos foram trazidos para o
ensino. As escolas de artes e ofícios se intensificam.
Nessa época também eram implantados ‘‘escritórios modelos”
para o ensino de práticas comercias— como uso de máquinas
calculadoras inicialmente manuais e mais tarde elétricas —
para orientar os estudantes.
Surgem os primeiros projetores em uso nas salas de aula
(epscópio), sendo inicialmente manuais e mais tarde
equipamentos de mesa.
O cinema serviu fortemente para alavancar conhecimentos,
sendo os filmes então feitos em filmadora a corda e passados
através de projetor de filmes e amplificador para os
primeiros filmes falados.
O surgimento de máquinas de endereçar facilitou
sobremaneiramente o contato com as pessoas e as escolas
foram grandes usuárias desses equipamentos.
Numa fase mais moderna surgem os aparelhos de televisão,
primeiramente a válvulas e naturalmente com projeções em
preto e branco, sendo usadas em escolas.
Vieram os vídeos e um dos primeiros trazidos para o Brasil
também foram bastante úteis.
For fim, já na época mais moderna, surgem os computadores e
outros dispositivos móveis e um dos primeiros que serviam de
base em maior escala para o ensino tinham preços
extremamente elevados.
Vale ressaltar que embora se reconheça que há muito a se
ampliar, o conjunto de equipamentos e informação constantes
do Museu Virtual dão mostra dos avanços que ocorrem na
educação brasileira.
Outras peças serão trazidas e consiste num trabalho
permanente de apoio à reflexão sobre os meios à serviço das
transmissão do ensino à jovens e adultos.
O Instituto de Pesquisas e Administração da Educação
agradece a todos os que contribuíram para que se chegasse
até o- momento atual e está certo que novos adeptos virão
para enriquecer o Museu de Tecnologia Educacional, pioneiro
em nosso país.
É de fundamental importância o apoio de todos e a
participação de educadores e da sociedade.
O Museu será mantido em ambiente virtual, com o acesso
gratuito, sendo permitido o uso das imagens e textos para
fins educacionais.
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