Os desafios que a Tecnologia impões à Educação |
Andréia De Luca (*)
O
professor Dr. Cláudio Moura e Castro, conselheiro chefe para Educação
do Banco Interamericano de Desenvolvimento, com doutorado nos Estados
Unidos da América, foi professor de universidades no exterior, da Fundação
Getúlio Vargas, em São Paulo e da Universidade de Brasília e tem,
como uma de suas áreas de pesquisa, as Políticas de Ciência e
Tecnologia. É colunista da
revista Veja e autor e organizador do livro A Educação na Era da
Informática e, como tal, uma personalidade no assunto.
Segundo ele, a Tecnologia é uma ferramenta, que, colocada nas mãos
certas, transforma-se num instrumento de colossal produtividade. Certamente
o uso de tal ferramenta tem causado impacto na escola porém, é preciso
ter bem claro que “Educação não se adquire surfando na internet”
e sim utilizando-a adequadamente como um artesão é capaz de utilizar o
canivete para produzir belas esculturas. Segundo
Moura e Castro “é preciso não confundir informação com educação.
O www é fonte inesgotável de informações” mas o próprio
educador, em sua análise, chama a atenção para a qualidade dessa
informação (boa, má, confiável ou não) e completa: “a web é um
correio, é uma loja de livros e revistas eletrônicas” portanto, é
preciso ser utilizada como fonte de pesquisa, de informação, e não
como instrumento estrutural da Educação. O
vídeo, o computador, não falam com o aluno, não trocam idéias
(perguntas e respostas) não motivam;
para isso é necessário a interferência dos recursos tecnológicos,
se conseguirem compreender e colocar em prática seu papel de mediador,
de orientador na construção do conhecimento. Abalisado
por suas pesquisas Moura e Castro declara: “A TV é um fabuloso
instrumento de democratização do ensino de qualidade”. O
professor José Armando Valente, mestre em Ciência da Computação e
Doutor pelo Instituto de Tecnologia de Massachusets (MIT), membro da
Sociedade Brasileira de Informática Educativa declara que a
“Tecnologia é o que foi inventado depois que a pessoa nasceu”, e
diante dessa afirmativa, que segundo ele é Alan Kay, um ex-pesquisador
da Apple (fabricante da Macintosh), sustenta sua opinião de que a
tecnologia depende muito da relação que se estabelece com um
determinado artefato. Atrevo-me
a endossar as palavras do prof. Dr. José Armando, pois, durante muito
tempo, senti-me uma analfabeta do futuro, enquanto não consegui
estabelecer um contato mais intimo com essa máquina chamada computador
e passava vergonha, diante de minhas netas, que já nasceram rodeadas de
botões (vídeo,TV, computador) que, se acionados corretamente, colocam
um mundo de informações, de divertimentos, a nossos pés.
O fato que e que não se pode fugir desta constatação:
“vivemos inundados de informação, mais do que queremos ou podemos
entender”, porém, isso não deve significar, e certamente não
significa, que tenhamos melhor educação.
No entanto, é preciso que educadores estejam atentos para
utilizar a tecnologia, criando condições para que seus alunos possam
trabalhar com a informação recebida, pois, caso contrário, a difusão
das tecnologias estará sempre pondo em xeque o papel da escola. Urge,
portanto, que se delineie um novo perfil de educador, capaz de mudar a
abordagem pedagógica a partir da utilização adequada dos recursos
tecnológicos disponíveis, formando cidadãos capazes de atuar numa
sociedade complexa, em constante mudança. Sobre
assunto tão fascinante quanto complexo, também se pronuncia um famoso
educador espanhol, naturalizado brasileiro, que se doutorou em Ciências
da Comunicação pela universidade de São Paulo (USP – BR) e que,
atualmente, se dedica a pesquisa as possibilidades de integração da
comunicação interpessoal com as novas tecnologias na educação. Para
Moran “o conhecimento também se amplia quando desenvolvemos um novo
olhar”, pois o educador confia em que o ser humano está sempre pronto
a buscar uma saída, novas soluções para novos problemas.
Assim sendo, para ele, “a TV, o computador em rede e a Internet
não são apenas recursos e sim meios de comunicação fundamentais para
estabelecer pontos entre a escola e a vida” apesar de que ainda, em
sua grande maioria, administradores e professores resistam, mantendo as
tecnologias apenas como um apêndice, utilizando-as muito aquém de suas
reais possibilidades. Conclui-se
que, quem ousa usar TV e computador na escola enfrenta um grande
desafio: escolher, interpretar e atribuir significado às informações
oferecidas pelos recursos da Tecnologia. (*) Adreía De Luca – Psicóloga Clínica e escolar, especialista em Teoria Psicanalista, Orientadora e Educacional; cursando pós-graduação em Pscicópedagogia na UERJ.
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Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação |
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