Educação em Foco |
Os principais aspectos educacionais que
foram notícias em destaque em maio e junho são retratados na presente seção
da Atualidades em Educação.
O
mês de abril de 2003 foi marcado por fatos de razoável relevância no
campo educacional. Na presente
edição destacamos os que internacional e nacionalmente merecem seleção. A
Semana de Ação Global foi iniciada no dia 9 de abril, com aula simultânea
realizada para alunos em mais de 50 países.
Foi, segundo os organizadores, a maior aula do mundo sendo debatidos
temas comuns durante todo o período. No
âmbito europeu, a Comissâo de Cultura, Juventude, Educação, Meios de
Comunicação e Desportos do Parlamento Europeu mostrou-se favorável à
criação do Programa Erasmus Mundus. Esse
novo projeto de intercâmbio de estudantes pretende melhorar a qualidade do
ensino superior e promover a compreensão intercultural.
É dirigido a estudantes, não apenas da Europa, mas de todo o mundo.
O programa será iniciado em 1º de janeiro de 2004 e terminará em
31 de dezembro de 2008 e visa, não só a distribuição de bolsas, mas também
o apoio a parcerias entre universidades europeias e estabelecimentos de
ensino superior de outros países. Pesquisa
britânica divulgada pela BBC online mostrou que 28% dos professores já
sofreram ameaças violentas por parte de alunos e 6% por parte dos pais. 15%
já foram agredidos fisicamente. O
estudo mostrou que uma em dez escolas secundárias da Europa já detectou
estudantes portando armas. As
facas são os instrumentos mais comuns.
O responsável pela pesquisa salientou também ser necessário a adoção
de medidas para proteger os professores dentro das salas de aula. Chegando-se
ao nosso Continente, destaque foi a reunião dos reitores de universidades públicas
dos países do Mercosul, realizada em Campinas.
O objetivo foi debater estratégias de cooperação e políticas
nacionais no setor de Ciência e Tecnologia.
As conclusões levaram a reafirmação de aumento de integração na
américa latina. No
Brasil, o sistema de educação superior foi mais movimentado com reunião do
Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras, em Florianópolis.
O encontro, que contou com a presença do Ministro da Educação e de
seus principais colaboradores, mostrou as tendências para o setor e
permitiu uma análise crítica sobre diversos assuntos. O
MEC anunciou a criação de uma Comissão Especial de avaliação do Ensino
Superior que terá cento e vinte dias para apresentar novos critérios e
estratégias para a formação dos processos e políticas de avalição do
ensino de 3º e 4º graus. Ressalta-se
também a realização do 2º Encontro Nacional do Fórum Brasil de Educação,
que aconteceu em Brasília, junto com a reunião plenária do Conselho
Nacional de Educação. Os
Secretários de Educação de todos os Estados promoveram encontro em Natal.
O tema central foi “valorização do professor”, sendo inseridos
no programa políticas para a valorização do magistério, desafios nas áreas
de formação, carreira e remuneração dos docentes.
Presente ao encontro, o Ministro da Educação anunciou a criação
de uma coordenação para tratar exclusivamente da valorização dos
docentes. Por fim, o lançamento do “Mapa da Exclusão Digital” mostrando à sociedade durante o mês de abril, revelou avanços da informatização das escolas. O número de alunos do ensino fundamental matriculados em escolas com computador cresceu de 10,8% em 1997 para 23,9% em 2001. A situação é melhor entre os alunos do ensino médio. Nesse grupo, 29,1% frequentavam colégios com laboratórios de informática, em 1997. O número cresceu para 55,9% em 2001. Para o coordenador do projeto, a melhor forma de combater a exclusão digital a longo prazo é investir diretamente nas escolas, para que desde cedo as crianças adquiram familiaridade com as novas tecnologias.
Os
grandes encontros educacionais que aconteceram em maio de 2003 foram os
destaques do mês. Em diversas ocasiões educadores e especialistas se
reuniram para analisar temas específicos, através de grupos de interesse. A
primeira que julgamos oportuno destacar foi a Conferência do Mercado
Mundial da Educação, que aconteceu em Lisboa. Na mesma a IFC
(International Finance Corporation), organização ligada ao Banco Mundial,
disse que o mercado global de formação profissional movimenta mais de US$
2 bilhões. Também foi afirmado que a educação a distância deverá
alavancar mais de US$ 150 bilhões até 2025. O
assunto econômico da educação vem provocando comentários e estudos,
especialmente pela Organização Mundial do Comércio. Alguns países, como
Estados Unidos da América, Japão, Austrália e Nova Zelândia vêm
exportando serviços educacionais, especialmente ligados à tecnologia. A
União Européia, através do Conselho de Ministros da Educação, reuniu-se
em Bruxelas, estabelecendo metas da educação no continente até 2010. O
intuito é tornar a Europa mais competitiva no mundo e, para tanto,
pretendem os governos alocar fortes recursos para o setor de ensino. No
cenário regional, um encontro realizado em Montevidéo, sendo promotora a
UNESCO e da qual participaram 53 reitores de universidades religiosas, ficou
decidido que as entidades confessionais devem retomar fortemente o
desenvolvimento de suas ações. Foi mencionado que estudos mostram que a
população latino-americana deverá crescer para 566 milhões em até 2010
e, com ela, a demanda universitária. É reconhecido que o Poder Público não
terá condições de expandir a oferta de vagas e, caso ocorra uma estagnação
da presença dos religiosos, a iniciativa privada manterá e aumentará sua
hegemonia. A estratégia definida é a de aproximação maior com as
organizações não-governamentais para atingir as metas traçadas. No
Brasil, o 10º Congresso Internacional de Educação, feito em São Paulo,
reuniu milhares de educadores. O tema central
“Idealismo Empreendedor – Excelência na Instituições de
Ensino” mesclou conferências e interesses comerciais, em feira de
produtos e serviços para escolas públicas e particulares. Estiveram
presentes cerca de 150 pessoas, movimento R$ 180 milhões. Outro
evento foi o Fórum Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, feito
em Brasília, com a participação de 1.200 autoridades. Os debates
centraram-se na Conjuntura Nacional, Financiamento da Educação, Escola
Ideal, Gestão Democrática, dentre outros. Na
esfera do ensino superior o 4º Seminário Nacional dos Centros Universitários,
organizado pela ANACEU – Associação Nacional dos Centros Universitários,
congregou em João Pessoa os dirigentes dessas entidades. O tema central
“Os Centros Universitários como Instrumento de Mudança Sociais”
permitiu que se juntassem representantes do Poder Público e da iniciativa
privada. Já
os pró-reitores de graduação organizaram o 16º Fórum, em Campo Grande,
girando os debates sobre “A Flexibilização Curricular no Contexto das
Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino de Graduação”. A
UNESCO lançou também, durante o Congresso Brasileiro “A Década da
Alfabetização” um plano de propostas para o Brasil e, no ato. assinou
convênio para liberação de US$ 200 mil para ensinar os analfabetos a ler
e escrever. Os recursos foram captados pela entidade junto ao governo japonês.
Em fevereiro foi lançada oficialmente a Década da Alfabetização das Nações
Unidas, em Nova York e agora, consolida o projeto em nosso país, a exemplo
do que tem sido feito em outras nações. Os
últimos comentários ficam por conta de ações do Governo Federal. O
primeiro deles é o anúncio do MEC que as crianças terão merenda todos os
dias, com ampliação do programa de merenda escolar. Atualmente é
fornecida alimentação para os 200 dias letivos
mas agora passará para
os 365 dias do ano. O segundo item é a declaração que será criada uma
prova para todos os estudantes que terminarem o ensino médio. Ao contrário
do Exame Nacional de Cursos, esse teste será obrigatório e servirá como
uma forma de verificar a qualidade das escolas. A decisão decorre de
pesquisa feita pela UNESCO que mostra que no 2º grau há pouco ensino, as
salas são ruins e os aluno desinteressados, sendo fácil passar de ano sem
aprender nada. Finalmente,
incidiou-se uma série de reuniões de consulta prévia para defenir, em
debate amplo com a sociedade, as ações e prioridades dos programas do
Plano Plurianual 2004-2007 (PPA). O Plano envolver diversas linhas e
programas e será o balizador de medidas concretas para atingir metas
definidas no Plano Nacional de Educação e na Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional.
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Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação |
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