Estudos
realizados pela 0rganização das Nações
Unidas mostram que a expectativa de vida do brasileiro, que era
de 70,4 anos há quatro anos, passe a ser de 81,2 anos em
2050.
Isso significa que a juventude de nosso país que atualmente
está matriculado nas 217 mil escolas existentes no território
nacional, bem como as crianças que em breve irão freqüentá-las
terão que contar com um sistema mais eficiente de ensino
para que não fiquem à margem do progresso que irá
acontecer em todo o mundo.
0 desenvolvimento das nações está sempre ligado
ao nível de cultura de seu povo e aos investimentos sociais
e materiais que sejam objeto das políticas públicas.
Esse conjunto de medidas passa, obrigatoriamente, pela educação
e, por se tratar de uma tendência mundial, o Brasil não
poderá estar marginalizado no contexto.
Dois momentos ocorrerão na vida das pessoas: uma, na infância
e adolescência, quando se consolida a formação
plena do cidadão e outra, ao longo da vida, com os processos
de educação permanente.
0s números do setor educacional no Brasil são positivos,
especialmente no campo do ensino fundamental, que congrega os jovens
de 6 a 14 anos. Temos uma rede física razoável e a
quantidade de estabelecimentos de ensino vem sendo mantida (ou em
alguns momentos até reduzida, pelo fechamento de colégios
da rede particular), mas que não altera o quadro de atendimento.
Há fortes desafios a serem vencidos na educação
infantil, ensino médio e superior, sendo responsabilidade
respectivamente dos Municípios, Estados e União.
A principal deficiência vem sendo notada no item qualidade
que é deixada de lado em milhares de escolas, não
por vontade de não melhorar, mas pela deficiência no
processo de formação dos docentes, falta de investimento
no aperfeiçoamento contínuo dos professores e na ausência
de recursos tecnológicos.
Dados revelados pelo Ministério da Educação
mostram que em apenas 20% das escolas públicas há
computadores e tão somente em 17.800 colégios ocorrem
conexão com a internet. No setor privado, embora inexistam
números oficiais, sabe-se que a realidade é bastante
melhor.
0 mesmo estudo realizado pela ONU demonstra que, se não melhorarem
os indicadores sociais, só em 2050 o Brasil atingirá
as expectativas hoje alcançadas pelos países desenvolvidos.
0 cenário demonstra que a população que era
de 171 milhões em 2000, atinja a 196 milhões já
em 2010, eleve-se para 219 em 2020, 237 em 2030, 251 em 2040 e quase
260 milhões em 2050.
0s planos educacionais precisam ser sempre de longo prazo e calcados
em projeções físicas e necessidades da sociedade
e dos setores produtivos.
Carecemos de um efetivo Plano Nacional de Educação
que seja feito sobre sólidas bases e que tenham indicações
para serem seguidas pelos gestores dos sistemas de ensino, públicos
ou privados.
0 que é certo é que haverá grande expansão
do mercado do ensino eis que, além de existir forte demanda,
com o ingresso das crianças que irão nascer nos próximos
anos, acontecerá o reingresso dos já formados, no
processo de educação permanente.
0 desenvolvimento tecnológico exigirá que os educadores
que atuam no Brasil sejam mais preparados e que disponham de recursos
para se atualizarem no dia-a-dia. 0 professor mudará o seu
papel de transmissor do conhecimento para gerente de informação
e orientador de aprendizagem. 0 saber será um bem público
e estará armazenado em diversos mecanismos de fácil
acesso e baixo custo.
0s estudos mostram que os Municípios irão assumir
um papel mais ativo na manutenção da educação
básica e que os governos Estaduais e Federal ficarão
com responsabilidades no campo do ensino superior.
A rede privada, manterá uma tendência de redução
da participação no ensino infantil e fundamental,
mas crescerá sensivelmente no médio e na graduação
superior. Exercerá, inclusive por meio das chamadas universidades
corporativas, a predominância na educação continuada.
Em todos os núcleos de ensino haverá a imprescindível
necessidade do professor. Não mais aquele mestre único
detentor do conhecimento, mas sim do profissional bem formado e
informado que terá como atribuição primordial
fazer com que as crianças, jovens e adultos conheçam
as ciências e a tecnologia e saibam aplicá-las para
o bem comum.
Uma eventual fala nesse processo de operacionalização
fará com que tenhamos uma verdadeira invasão de escolas
estrangeiras que apesar de não virem a se instalar fisicamente
no Brasil, atenderão, por meio da educação
a distância, milhões de alunos. Aliás, o crescimento
do setor da EAD será extraordinário, tanto para brasileiros,
como para estrangeiros.
As tecnologias aplicáveis à educação
serão mais humanizadas e permitirão que pessoas de
todas as idades as usem com freqüência.
Em síntese: a educação deverá ser a
mola-mestra para o desenvolvimento não só do Brasil,
mas de todo o Mundo.
(*) Presidente do Instituto de Pesquisas Avançadas
em Educação
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Instituto
de Pesquisas Avançadas em Educação
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( 025 )
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10/2004
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