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Publicação
do Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação |
Revolução na divulgação científica mundial João Roberto Moreira Alves (*) "Os historiadores costumam apontar 1665 como o ano do nascimento do sistema moderno de publicação científica. O "Journal des Sçavants, criado em janeiro daquele ano em Paris e o "Philosophical Transactions", lançado dois meses depois pela Royal Society, em Londres, tornaram públicos os debates que antes se desenrolavam em privado, principalmente nas cartas trocadas entre os homens ilustres. Desde então, os periódicos tornaram-se o meio por excelência de partilha do conhecimento na comunidade científica. Ao mesmo tempo em que desempenham um papel democratizador, porém, muitas dessas publicações são empreendimentos comerciais. Disseminam saber, claro, mas só para quem pode pagar a assinatura. Um movimento internacional que reúne cientistas, centros de pesquisas e fundos de fomento está tentando mudar isso."(**) Com essas observações iniciam-se no Brasil os debates sobre o alcance de um movimento internacional, em debate na Comissão de Ciência e Pesquisa da União Européia. O acesso livre aos periódicos é uma tendência que se alastrará por todo o mundo, permitindo que se conheçam os resultados de estudos e pesquisas, normalmente financiadas com recursos públicos. A implantação de mecanismos de cobrança pelas assinaturas decorreu da necessidade de sustentá-las. Não representam na verdade uma forma meramente mercantilista, como muitos pensam. Em nosso país a Revista Pedagógica foi a pioneira dos meios de comunicação no meio educacional. Lançada em novembro de 1890, exatamente um ano após a Proclamação da República, o importante periódico parou sua circulação antes de completar dez anos. Faltou verba para que o então Ministério, encarregado pela instrução pública, mantivesse o sistema de relacionamento entre a comunidade educacional e o governo. Muitas revistas, jornais, noticiários e outros veículos surgiram, prestaram bons serviços e encerraram suas circulação. Mas, por que? Diversos foram os fatores e as causas são cientificamente ignoradas. O maior vilão dessa história é o elevado custo editorial e gráfico de sua confecção e dos correios, para o transporte. Com o advento da internet reduziram-se sensivelmente as despesas, o que permite que a circulação possa ser feita com maior intensidade e sem cobrança de assinaturas. Através da rede mundial de computadores é possível se disponibilizar os trabalhos científicos, bem como as informações imprescindíveis para o progresso do saber. Não obstante esse fato existe uma questão cultural e outra financeira. A primeira é que os leitores ainda preferem as revistas impressas. Por mais moderna e abrangente que sejam as virtuais há uma tradição do papel e uma forte reação ao moderno. A última é a redução de receitas das editoras comerciais e universitárias. Estima-se que o mercado de publicações de ciência, tecnologia e medicina na Europa seja da ordem de US$ 7 a 11 bilhões por ano. É um valor considerável que somando-se aos dos demais continentes, alcança a cifras extraordinárias. Gradualmente será notada uma revolução no setor. A tendência é que as grandes publicações terão a dupla mídia (impressa e eletrônica), contudo as de menor porte devem ficar apenas com a segunda opção. O livro eletrônico, assim como as revistas, têm ainda outras vantagens, dentre elas as de possibilitar a transmissão, em tempo real, das vitórias científicas em todas as áreas do saber.
(*) Presidente do Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação
(IPAEduc - 103-02/07) |
EXPEDIENTE Carta Mensal Educacional
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FICHA CATALOGRÁFICA
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