A infraestrutura necessária para o desenvolvimento dos programas de educação a distância no Brasil
João Roberto Moreira Alves(*)
A educação a distância iniciou no Brasil numa época que somente existiam os correios.
Estabeleceu-se um modelo – aliás como em todo o mundo – do ensino por correspondência, a primeira geração da metodologia.
Depois veio o rádio, o cinema, a televisão e mais recentemente o computador que fez com que se notassem a segunda, terceira, aquarta e já, mais recentemente, a quinta geração.
O Brasil dispõe de uma boa rede de correios que atende a todas as cidades. As cartas e, no caso da EAD, os materiais didáticos chegam, com regularidade maior ou menor, aos destinatários permitindo uma interatividade escrita.
A maior barreira para as instituições que adotam os cursos por correspondência e para as que dependem dos serviços estatais para envio postal é o elevado custo. Em nosso país paga-se o mesmo preço para encaminhamento de um livro ou de uma revista pornográfica e isso nos traz perplexidade.
Apesar de haver uma legislação que diz que os valores devem ser diferenciados para os materiais de educação, a prática das agências da estatal não possibilita os desembolsos menores e quem acaba pagando são os alunos.
Vendo-se as tecnologias de som e imagens notamos que dispomos de uma excelente infraestrutura. Há rádios e emissoras de TV que chegam aos mais longinquos territórios mas são raros os programas educativos. As próprias Rádios e TVs educativas fazem mais cultura do que educação. Faltam incentivos e muitas estão sucateadas por falta de repasse de recursos governamentais.
O cinema educativo deixou de existir e não se tem conhecimento de exibição de filmes que apoiem o processo de ensino-aprendizagem.
Chegando-se aos tempos modernos encontramos os computadores como o mais eficiente meio de desenvolvimento de pessoas na atualidade.
As máquinas e sistemas operacionais vem sendo produzidos com custos menores e, com isso, possibilitando as compras por governo, empresas, instituições e cidadãos.
Apesar de ainda serem poucos os computadores nas escolas de educação básica, especialmente as mantidas pelos Estados e Municípios, o quadro é diferente no ensino superior, onde todas as universidades, centros universitários e faculdades possuem os equipamentos e meios para ligação à internet.
Há promessas de verbas para compras, mas os problemas não param aí.
Dos 5.560 municípios 43% não estão conectadas à rede mundial de computadores, a não ser que usem ligações interurbanas e adotem linha discada.
Os custos são elevadíssimos. Falta uma política de diferenciação de quantitativos financeiros, conforme os fins.
Mais de 34 mil escolas de ensino fundamental e 7 mil de ensino médio que não têm energia elétrica e isso impede também o uso da informática educativa.
Os últimos dados do Ministério da Educação dão conta que tão somente 22 mil escolas públicas têm internet instalada.
Não se conhece um plano nacional para o setor e os programas avançam e regridem conforme os momentos políticos e a garra de algumas pessoas e não por um compromisso da Nação.
Sem existir uma infraestrutura os programas de EAD ficam limitados.
O Brasil, com a dimensão continental que tem, urge de uma série de medidas para que possamos democratizar a educação de qualidade. Isso somente será possível com o incentivo ao desenvolvimento da educação a distância.
(*) Presidente do Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação e da ABT – Associação Brasileira de Tecnologia Educacional e Diretor da ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância
(IPAEduc - 121-10/06)