As publicações
abertas e sua influência no mundo moderno e sem fronteiras
João
Roberto
Moreira Alves (*)
Crescem, em todo o
mundo, os movimentos favoráveis à existência de publicações gratuitas
disseminadas através da internet.
Autores, editores e provedores de acesso estão no centro das discussões
e crescem os que se aliam tanto à um lado como à outro, reduzindo
sensivelmente os que normalmente não possuem opiniões formadas a
respeito do tema.
Congressos e estudos vem sendo intensificados, com excelentes trabalhos
pró e contra.
Esse debate é extremamente interessante para a comunidade educacional,
especialmente a que tem maior ênfase na metodologia da educação a
distância, onde a leitura de obras abertas é de grande valia para
complementação dos textos que normalmente são inseridos nos materiais
didáticos dos cursos de graduação e de pós-graduação.
Os livros, revistas científicas, jornais e outros periódicos de código
aberto tendem a crescer, até mesmo por opção de seus responsáveis. O
que se evidencia é que mais do que o recebimento pelos direitos autorais
é relevante a disseminação das ideais.
Não é novo o movimento do Mercado Comum do Conhecimento, objeto de
projeto sob a égide da Organizações dos Estados Americanos. Há mais de
dez anos num memorável encontro da Organização Universitária
Interamericana (OUI) realizado na cidade de San José, na Costa Rica, o
tema já era objeto de painéis de trabalho pelos reitores do continente
americano.
Mais tarde, a Europa ampliou os trabalhos a favor da liberação,
primeiramente, das revista científicas. A principal e justa razão é a
que nas mesmas são publicados os resultados de pesquisas pagas pelos
governos de muitos países. Por que dever-se-ia cobrar para se saber as
conclusões de estudos que foram feitos pelos pesquisadores custeados
pelos cofres públicos?
Os portais de domínio público mostram significativa demanda, favorecendo
a estudantes, professores, pesquisadores e todas as pessoas que se
interessam pela aprendizagem.
A polêmica maior surgiu quando os sites passaram a disponibilizar livros
de graça. O Google, um dos mais respeitados buscadores mundiais,
anunciou sua disposição de dar sequência a esse política de ampliação
dos acervos digitais. O assunto chegou aos tribunais americanos e foi
estabelecido um macro acordo com todos os que entendem ter a propriedade
intelectual atingida. A empresa passou a contar com a Google Books, que
digitalizará e os oferecerá on-line gratuitamente e a Google Editions,
que atuará com os autores que pretendem comercializar seus trabalhos.
No projeto inicial, que vigorará a partir de 2010, nesse segundo
segmento estarão envolvidos entre 400.000 e 600.000 títulos.
As sucessivas edições da Feira Internacional de Frankfurt, o mais
importante evento mundial de livros, possilibilitará, anualmente, se
vislumbrar os cenários para os próximos anos.
Considerando a relevância do assunto até a Comissão Européia vem atuando
no processo de mediação.
Ao lado da discussão dos livros gratuitos (ou não) surgiu também o
princípio da imprensa gratuita, que programou o seu primeiro congresso
mundial, para Madrid, com a presença confirmada de mais de vinte
países. O objetivo é aumentar o número de veículos que aceitam
participar, com jornais e revistas não científicas, nesse processo.
Enfim, o grande debate mundial que se estabelece é se o conhecimento
deva ou não ser um bem de interesse público. Os primeiros anos da
próxima década serão marcados por amplas discussões e, com certeza,
extraordinários defensores das duas situações.
(*) Presidente do
Instituto de Pesquisas Avançadas em Educação